Massacre no Afeganistão motiva apelos por retirada dos EUA
Por Ahmad Nadem e Ahmad Haroon
KANDAHAR, Afeganistão, 12 Mar (Reuters) - O massacre de 16 civis por um soldado norte-americano em uma aldeia do Afeganistão motivou nesta segunda-feira apelos para que Washington retire imediatamente suas forças e pode complicar as negociações para que os Estados Unidos mantenham uma presença prolongada no país para evitar que ele mergulhe no caos.
Dias antes do ataque de domingo, os dois governos haviam feito avanços significativos nas negociações para um Acordo de Parceria Estratégica que permitiria a permanência de forças especiais e consultores militares norte-americanos após a retirada das tropas de combate no fim de 2014.
"(O massacre) pode retardar a assinatura do Acordo de Parceria Estratégica", disse uma fonte do governo afegão à Reuters.
O Parlamento afegão condenou o incidente, que vitimou principalmente mulheres e crianças, e disse que os afegãos já estão fartos de ações equivocadas das forças estrangeiras e da falta de supervisão adequada sobre elas.
A indignação popular também pode ser aproveitada pelo Taliban para recrutar novos quadros.
"Nós nos beneficiamos pouco das tropas estrangeiras aqui, mas perdemos tudo, nossas vidas, dignidade e o nosso país para eles", disse o comerciante Haji Najiq, de Kandahar, capital da província onde o massacre ocorreu, que é um reduto do Taliban.
"A explicação ou as desculpas não vão trazer os mortos de volta. É melhor que eles nos deixem em paz e nos deixem viver em paz."
O antiamericanismo, que havia se intensificado no Afeganistão depois da queima de exemplares do Alcorão em um quartel da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), no mês passado, deve se agravar após o incidente de domingo.
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